“Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há salvador. Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR; eu sou Deus. Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? Assim diz o SENHOR, o que vos redime, o Santo de Israel: Por amor de vós, enviarei inimigos contra a Babilônia e a todos os de lá farei embarcar como fugitivos, isto é, os caldeus, nos navios com os quais se vangloriavam. Eu sou o SENHOR, o vosso Santo, o Criador de Israel, o vosso Rei” (Isaias 43.11-15, ARA: Almeida Revista e Atualizada).
Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim” (João 14:6 – ARA: Almeida Revista e Atualizada).
O Antigo Testamento desenvolveu uma tradição teológica da unicidade de Deus, ou seja o Deus único, não como defesa, mas como afirmação, que é responsável por ambientar os ouvintes do Novo Testamento para a afirmação categórica de Jesus – Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Esta afirmação sustenta a confissão nos cânticos da Igreja Primitiva, como o que está registrado em Colossenses 1.19,20 – porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus; Hebreus 1.3,4 – Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles; e João 1.11-14 – Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome;
os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
Estes cânticos que as Igrejas do Primeiro Século cantaram, celebrando a salvação na festa do amor, aos domingos, apontam para a salvação de Deus, operada desde os primórdios do Antigo Testamento. Podemos ver que o Livro de Gênesis fora escrito por Moisés, quando o povo de Israel estava nos arredores do Sinai. Qual foi o propósito de Moisés em escrever este Livro? O Livro inicia: No princípio criou Deus os céus e a terra (Gn 1.1). Moisés estava ofendido por ver o povo de Israel sendo fortemente influenciado pelos intercâmbios sociocultural e religioso com os povos nômades que viviam ao redor do complexo de montanhas do Sinai.
Na tentativa de expurgar a influência politeísta (a crença em vários deuses) que estava presente nos cultos dos primeiros israelitas, Moisés passa a lhes contar a história de como tudo veio a existir, como tudo era sustentado, e o mais importante – quem era responsável por tudo isso. O escritor inicia apresentando a palavra Elohim, que na língua hebraica, aponta para a ideia de um Soberano Deus, Majestoso, e em seguida o verbo barra, passado do verbo criar – Bereshit bara Elohim – No princípio criou Deus… O livro se desenvolve mostrando a rebeldia dos seres humanos para com o seu criador, mas também a providência de Deus para salvar a sua criação. É como se Moisés estivesse pregando um sermão, onde no fim, ele exorta que aquela geração se achegue ao seu único Deus.
Daí em diante, esta será a base do chamado dos sacerdotes, profetas, reis, para que povo se volte para Deus. “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força… Deuteronômio 6:4,5. Em Gênesis é inaugurada uma forma de lembrar o povo do seu passado e lhe chamar ao arrependimento, com a palavra Toledot, que é traduzida, na maioria das vezes por história. O termo é utilizado para fazer um relembrar da história da salvação de Deus ao seu povo.
O Novo Testamento faz uma ligação da salvação materializada na pessoa de Jesus Cristo, ligando a história do Salvador à história dos que devem ser salvos – Abraão, Judá, Jessé, Davi… Os escritores do NT ligam o salvador às profecias do Antigo Testamento que apontam para as promessas de Deus dando garantias de que, por meio do Messias Ele visitaria a sua criação e o restauraria. Por meio dos profetas, Deus disse que somente Ele poderia salvar a sua criação (Isaías 43.11-15).
Jesus, interpretando Isaías 61.1,2, disse que aquela palavra está sendo cumprida com a sua pessoa e obra. A pessoa de Jesus estava apontando para a sua relação histórica com aqueles que Ele salvaria, um perfeito Sumo Sacerdote que apresenta os pecadores a Deus, mas também Ele é o Cordeiro da expiação. Essa construção teológica orientará todos os escritores e pregadores do NT, colocando Jesus Cristo como o centro da fé, como sendo o único salvador – somente por Ele os pecadores chegam ao Pai, têm os seus pecados perdoados, são reconciliados e iniciam uma vida nova, cheia de alegria e significado – vida abundante, que jorra, transborda – mas, é somente por Jesus Cristo e em Jesus Cristo!!!
Esta exclusividade de Jesus Cristo para a salvação dos pecadores, é e sempre será a maior causa da Igreja do Senhor Jesus Cristo ser rejeitada, perseguida e o diabo tentar, com tanta força, enfraquecer a sua voz profética no mundo.
Soli Deo Gloria
Nonato Vieira
Presidente do SETIEL