A inevitável missão de liderar

UMA REFLEXÃO SOBRE O QUE APRENDI SOBRE LIDERANÇA – LIDERANDO E SENDO LIDERADO

Esse artigo visa expor e analisar, resumidamente, o que aprendi sobre liderança cristã liderando e sendo liderado nos últimos 32 anos (1989-2021).

Minha caminhada cristã começou cedo, eu praticamente “nasci na igreja”. Meus pais foram membros fundadores da Igreja Batista de Guanandi em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Já aos 16 anos de idade eu já dava aulas em Escola Dominical para adolescentes.

Aos 20 anos eu deixei minha igreja, minha família e minha amada igreja para estudar teologia no Seminário e Instituto Bíblico Betânia na cidade de Altônia no estado do Paraná.

OS ANOS DE SEMINÁRIO – 1989 A 1992

Os anos de seminário abriram os meus olhos para a verdade mais básica em liderança: É impossível não liderar. Liderei e fui liderado. Percebi que não poderia deixar de ser líder. Eu queria ser professor de teologia, mas para isso eu precisaria liderar e ser liderado.

• Eu percebi que poderia liderar bem ou liderar mal, mas nunca não liderar.

No processo de internalizar esse conceito fundamental eu tive que intencionalmente preparar-me para liderar bem a fim de não liderar mal. As matérias relacionadas à Liderança exerceram uma forte influência sobre minha formação pastoral e magisterial. Livros que li nesse período e impactaram minha vida: Como se Forma um Líder Cristã – Ted Engstrom; O Estilo de Liderança de Jesus Cristo – Michael Youssef; Seja um Líder de Verdade – John Haggai. A habilidosa liderança de meus professores Edward Dudek, Richard Linder, Alan Macleod, Moisés Suriba e Antonio Vargas, dentre outros, me moldaram como um futuro líder em sala de aula e na igreja.

PASTORADO NA IGREJA BATISTA EM ALTÔNIA – 1993-1994

Os dois primeiros anos de ministério na Igreja Batista em Altônia foram anos de desafios. Percebi que a teoria é importante, mas que na prática as coisas são muito diferentes. Pessoas não respondem como gostaríamos que respondessem. Uma lição importante que aprendi nesse período foi que não é possível liderar sozinho. A equipe diaconal da Igreja Batista em Altônia foi importantíssima em minha experiência pastoral inicial.

Precisei contar com a paciência dessa amada igreja que “não desprezou minha mocidade” antes de submeteu à minha frágil liderança. Cometi erros e, por graça divina, acertei nalgumas coisas e pude constatar que liderar era uma necessidade. A noção de trabalho em equipe foi amadurecendo em mim. Michael Youssef foi meu livro de cabeceira. Li muito e me aprimorei na arte de preparar estudos bíblicos e sermões.

PROFESSOR NO SEMIB – 1995 – 2000

Os seis anos de magistério no Seminário Betânia em Altônia foram anos de atualização e muito aprendizado. Eu mais aprendi do que ensinei. Foram anos incríveis aqueles passados entre meus líderes de outrora e que passaram a ser colegas de ministério. Ser liderado por Leni Klawa Vargas foi uma experiência muito significativa nesse período. Leni representava para mim um ideal de maturidade e dedicação à excelência em liderança cristã. Durante esse período ela fez “Haggai Internacional”, buscou atualizar-se e proporcionou aos professores do SEMIB atualizar-se também. Ela nos desafiava a dar o melhor de nós.

No âmbito da igreja eu auxiliava seu esposo, Antonio Vargas pastor dedicado e apaixonado pela igreja Betânia de Altônia. Vargas foi (e continua sendo) companheiro e incentivador. Paulo Andreussi me incentivou a buscar novos patamares na área de ensino desafiando-me a fazer mestrado em teologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Aceito o desafio fomos juntos estudar um pouco mais. De 1999 a 2003 eu fiz Mestrado em Teologia Histórica sob a orientação magistral de Alderi Souza de Matos. Foram anos de muito aprendizado.

• A grande lição que aprendi nesse tempo foi que trabalhar em equipe é a melhor forma de ser efetivo no ministério cristão.

Os excelentes resultados que obtive de meus esforços foram resultantes de uma somatória de ações complementares. Sentir-se parte de um time e saber que está cooperando (não competindo) é altamente gratificante e grandemente compensador.

Tive também o privilégio de ser liderado pelo excelente líder cristão Cícero Manoel Bezerra. Cícero demonstrou sensibilidade e sabedoria em conduzir-me em minha formação. Cícero é um bom exemplo de líder “jogador de xadrez” (segundo o conceito de liderança de Tim Elmore). Cícero soube valorizar meus dons e talentos e não colocou nenhum empecilho para que eu “desse o melhor de mim” em aprender e ensinar. Ainda hoje tenho um bom relacionamento com o doutor Cícero e tenho ainda aprendido com ele.

PASTOR AUXILIAR NA IEH POMPEIA

Os dezessete anos de ministério na Igreja Evangélica Holiness em Pompeia foram os anos em que tive a oportunidade de sair do ambiente acadêmico e mergulhar de cabeça no ministério pastoral. Tendo sido pastor auxiliar de Adilson Massao Suguihara (2000 – 2008) eu pude crescer como líder e aprender a valorizar a igreja de Cristo como nunca havia feito antes.

Massao é o tipo de líder que incentiva e dá espaços. Durante o tempo em que fui seu auxiliar eu pude estudar mais, ensinar, pregar e atuar como capelão escolar nas escolas municipais e estaduais de Pompeia. Haroldo Silva foi uma inspiração de amor pelas almas perdidas e zelo pelas Escrituras. O Conselho da IEH Pompeia era composto por homens probos e que me ajudaram muito em minha formação pastoral.

Os líderes da Universidade da Família (UDF), em especial o senhor Jorge Nishimura, me ajudaram muito no sentido de reavaliar meus conceitos fundamentais sobre liderança cristã no âmbito familiar e pastoral.

Sob a competente liderança de Augusto Umeki (2009-2017) tive o privilégio de expandi minha atuação em níveis denominacionais. A esta altura do ministério pastoral eu já havia tomado conhecimento de uma renovação no campo da literatura a respeito de liderança, tanto secular como cristã. Livros novos surgiram – Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, O Oitavo Hábito, o Monge e o Executivo e os muitos livros de John Maxwell e seu discípulo Tim Elmore passaram por minhas mãos e foram decisivos em moldar em mim uma nova mentalidade a respeito de liderança.

Sob a orientação desses excelentes escritores eu montei uma equipe para ministrarmos aulas de liderança com foco em liderança capacitadora. Foram anos de muito aprendizado e trabalho em equipe.

• Aprendi a valorizar o trabalho em equipe no formato intergeracional. Nas equipes sempre primavam por ter membros que representassem pelo mesmo 3 gerações.

A essa altura eu já havia transposto o limiar da noção de que um líder precisava ser capaz, eu estava consciente de que líder precisava ser mais do que capacitado, ele precisava ser um líder capacitador.

• Aprendi e ensinei que um bom líder é antes de tudo um líder capacitador.

Todas as ações e projetos que desenvolvi em equipe, nesse ínterim tinham como orientação a noção capacitadora. Meu texto fundante era:

Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros – 2Tm 2.1 e 2

Tim Elmore exerceu importante influência sobre meu ministério nos últimos anos de IEH Pompeia. Seus cursos Habitudes (https://www.udf.org.br/cursos/a-udf-e-tamanho-familia/conheca-nosso-curriculo/lideranca-e-carreira) forneceu a mim uma confirmação de que eu estava no caminho certo. Ministrei aulas e liderei grupos valendo-me dos preciosos ensinos de Tim Elmore. Edson Sakiyama e sua esposa Iverli, foram companheiros eficientes e íntegros que me inspiraram muito na valorização do trabalho com as próximas gerações.

No campo de liderança pastoral eu tive a grata satisfação de adotar como mentor intelectual o profícuo escritor cristão norte americano Eugene Peterson. Li quase todos os seus livros, em especial os de viés pastoral, e cresci muito em minha compreensão da importante missão de pastorear o rebanho do Senhor, o qual ele comprou com o seu próprio sangue – At 20.28.

OS 3 ÚLTIMOS ANOS NA IEL VALINHOS

Os últimos 3 anos pastoreando a Igreja Evangélica Livre em Valinhos têm sido anos de consolidação e confirmação de uma estrada, relativamente extensa, de aprendizado e ensino na arte de liderar.

Com o passar dos anos eu aprendi que a vida do líder tem etapas, segundo o título do excelente livro de J. Robert Clinton – Etapas na Vida de um Líder. Na atual etapa de minha vida ministerial eu me sinto realizado em muitos aspectos e desejoso de “terminar bem”.

Uma das coisas mais importantes que eu fiz foi elaborar um PVV pessoal (Propósito/Valores/Visão)

Ei-lo:

IDENTIDADE:

Eu sou filho de Deus, amado incondicionalmente pelo meu Pai, servo de Jesus Cristo, selado e ungido pelo Espírito Santo.

MISSÃO:

Aprender de Deus para ensinar seu povo a viver de maneira santa, justa e amável perante Ele.

VALORES:

1. INTEGRIDADE
2. FÉ
3. FAMÍLIA
4. ORAÇÃO
5. DILIGÊNCIA
6. DESPRENDIMENTO
7. SIMPLICIDADE
8. PESSOALIZAÇÃO
9. INTERGERACIONALIDADE
10. PRUDÊNCIA
11. UNILATERALIDADE
12. COMPANHEIRISMO MINISTERIAL

Essa identidade, missão e valores foram construídos na medida em que eu fui compreendendo o que era essencial para que um líder cristão se tornasse efetivo em seu ministério magistral e pastoral.

• Aprendi que um bom líder sabe quem é, qual é sua missão e quais devem ser seus valores.

Sempre pastoreei e sempre ensinei. Nunca vi essas duas áreas da liderança como distintas e opostas entre si. Para mim são complementares.

• Durante a pandemia aprendi a valer-me dos meios digitais para dar continuidade e ampliar minha atuação ministerial.

À frente da IEL Valinhos tenho primado por continuar trabalhando em equipe, “jogar xadrez”, ser um incentivador de liderança entre as novas gerações e valorizar o companheirismo ministerial.

Até aqui o Senhor nos tem ajudado.

Soli Do Gloria