No ano de 2003 a IEL Blumenau estabeleceu uma parceria com uma igreja Americana. Então uma equipe de irmãos e irmãs estiveram conosco por aproximadamente quinze dias para realizar diversas atividades na igreja e também de evangelização. Recebi em minha casa duas irmãs: uma jovem de 22 anos e uma senhora de 75 anos. A senhora era uma guerreira de oração e fui presenteada por Deus com alguém que durante muito tempo se dedicou em oração por mim e por minha família. A jovem estava no início da gravidez e se demonstrava ansiosa e assustada em vários aspectos. Recordo que não foi fácil receber duas pessoas com tamanha diferença cultural, desde a comunicação em línguas diferentes quanto a alimentação, a maneira de viver e a intensidade de dedicação e abnegação durante aqueles dias. Porém, foi um tempo realmente muito agradável e especial que passamos juntos.
Mas então, passado dezoito anos, recebi uma mensagem dessa jovem que dizia assim:
“Estava pensando em você. Estou sentada aqui pensando no meu tempo maravilhoso no Brasil. Quando recebi essa mensagem, tive um sentimento tão gostoso de saber que meu lar e minhas atitudes proporcionaram algo especial para alguém que, mesmo após tantos anos, ainda consegue ter esse tipo de memória emocional cheia de gratidão e boas lembranças. Meu filho, de quem eu estava grávida quando lhe visitei, acabou de se formar no ensino médio e vai cursar a faculdade este mês. O tempo passa muito rápido. Obrigada novamente, te amo.”
Quando recebi essa mensagem, tive um sentimento tão gostoso de saber que meu lar e minhas atitudes proporcionaram algo especial para alguém que, mesmo após tantos anos, ainda consegue ter esse tipo de memória emocional cheia de gratidão e boas lembranças.
Nem sempre percebemos o resultado ou recebemos o reconhecimento de todo nosso esforço e amor em fazer de nossa casa um lar e um refúgio para a família e para as pessoas que nos visitam.
Tornar nossa casa em um lugar seguro, tranquilo e cheio de amor; de maneira que funcione como um refúgio para a família e amigos, é uma das mais importantes missões da mulher.
As rotineiras e diversificadas atividades da vida doméstica, muitas vezes, trazem a sensação de que não será possível dar conta de tudo que se precisa fazer. Vejo aqui a importância do mínimo de organização que se faz necessário no gerenciamento do lar. Especialmente porque a mulher, além do cuidado da casa, exerce atividades profissionais, estuda, serve na igreja, se engaja na ação social e procura ainda ser amiga, filha e irmã. Sem descrever sua responsabilidade como mãe e esposa.
Nos versículos 12 a 17, do capítulo 3 de Colossenses vemos a importância de sermos revestidas de amor, compaixão, bondade, humildade, autocontrole e disciplina; adquiridas na presença de Deus. Nossa casa torna-se um lar que proporciona refúgio e descanso para os que vivem e passam por lá quando esse revestimento é buscado na intimidade de vida com Deus.
Nosso intuito sempre deve ser o de construir nosso lar (veja Provérbios 14.1). E administrar, organizar e executar os afazeres da casa requer sabedoria. A mulher, através de suas decisões e procedimentos no cuidado do lar, influencia a vida de cada membro da família. É necessário saber como, quando e de qual maneira fazer cada coisa. Desde o planejamento até a execução das tarefas, é importante ser sábia e prudente. A casa em que vivemos deve ser lugar de companheirismo e parceria, onde cada um colabora com uma parte, visando o bem de todos.
A nossa cultura contemporânea tem desvalorizado a vida no lar. É uma cultura que vê o serviço de casa como um monte de atividades repetitivas, que englobam limpar, lavar e cozinhar. Mas todas as mulheres sabem que construir um lar exige muito mais que a realização de uma montanha de tarefas.
Construir um lar não é completar uma lista de tarefas ou abastecer a casa com bens materiais, mas tem mais a ver com relacionamentos. Tem a ver com a edificação de um lugar estável, organizado, revigorante e acolhedor que promove e estimula crescimento espiritual, mental, emocional e físico. Tem a ver com receber prazerosamente as pessoas, com ministrar à alma, com cultivar relacionamentos. E as mulheres foram especialmente capacitadas por Deus para todas essas coisas. Ao construir um lar, oferecemos um “abrigo” para onde a família e amigos podem correr e se abrigar do mundo cruel e frio lá de fora. Um lugar onde se sentem acolhidos e aceitos. Onde descansam e recarregam as energias após um dia difícil. Um lugar onde florescem. Um lugar que prenuncia o acolhimento que os cristãos irão receber no céu. Que especial isso!
A Bíblia nos orienta a praticar a hospitalidade com os de fora mas também com os que moram conosco. A hospitalidade demonstra amor, abnegação e zelo pelas outras pessoas. Receber e hospedar proporciona companhia a um coração solitário, encorajamento ao desanimado, esperança ao abatido, repouso e renovação ao cansado, refúgio ao angustiado e alegria ao entristecido.
Vejo que a hospitalidade, o acolhimento e o interesse pelo próximo, devem ser praticados não somente em casa, mas na igreja, no trabalho, na escola e onde quer que estejamos pois possibilita o estabelecimento de vínculos, fortalecendo os relacionamentos e mostrando Jesus ao mundo.
Uma refeição é um evento prazeroso e muito agradável. São momentos para reafirmar a amizade e sair da rotina. Sempre que possível, abra as portas de sua casa e de seu coração para receber amigos. Da mesma maneira, devemos fazer com quem convivemos diariamente. Mostrar carinho na arrumação da mesa, no preparo de uma refeição, no cuidado das coisas. São atitudes que não têm preço mas são tão valiosas pois deixarão uma linda lembrança e influência de nossa vida na vida de outras pessoas.
Deixo algo para nossa reflexão: Tenho sido uma mulher que constrói ou que destrói o lar? O que as pessoas que moram comigo pensam sobre isso? Quais têm sido minhas dificuldades na área de organizar e gerenciar o lar? Seria importante pedir ajuda de alguém nessa área? O que posso fazer, modificar ou melhorar para que minha casa seja um lar e um refúgio para minha família e para os que passam por lá? Como tem sido a prática da hospitalidade na minha casa?
Deus abençoe sua vida e seu lar. Que você e sua família possam experimentar a bênção de viverem num lar que é um refúgio e um abrigo.
Rozana Silva
Tem servido na IEL Blumenau há mais de 30 anos, é idealizadora do SETIEL Mulheres e autora do curso “Deus fez a Mulher”. Quando não está servindo em algum ministério, gosta de ler, fazer artes em papel e decoração de ambientes, ou viajar com o marido, Godoberto.
Contato: 47 98421 2037